Se você já navegou pelo universo dos vinhos provavelmente já ouviu falar sobre vinhos pontuados. Os pontos são uma forma de avaliar a qualidade de um vinho, fornecendo uma referência objetiva para os consumidores.

Essas pontuações são feitas com base em análises sensoriais, levando em consideração fatores como aroma, sabor, equilíbrio e complexidade. Uma análise objetiva e técnica pode de fato ser uma boa referência, mas....

Mas você é daqueles que bebe vinhos ou pontos? Muita gente está mais preocupada em quantos pontos o vinho tem do que com o produtor, onde foi feito, que estilo ele tem, em que ocasião seria ideal prová-lo....

Digamos que ter referências é sempre bom, mas tornar-se refém não é a melhor saída. No mundo do vinho, arriscar-se é importante, e muitas vezes compensa.

Cada vinho tem sua característica, assim como cada bebedor. As notas nem sempre são justas, ao se acompanhar as pontuações de perto, no dia a dia profissional do vinho, é possível perceber muito claramente uma série de distorções.

Por isso o nosso sommelier, Bernardo Murgel, indica os guias de vinhos nacionais, focados em apenas um país ou um conjunto restrito de países, onde de alguma forma o estilo do vinho não é julgado junto com a sua qualidade.

Na França existe o "Le Guide Hachette des Vins", guia 100% francês que compra garrafas do mercado e faz a avaliação. Já na Itália tem o "Gambero Rosso", que apresenta o sistema de pontuação que vai de 0 a 3 Bicchieri. Ao conquistar 3 Bicchieri por 10 vezes consecutivas, o produtor do rótulo recebe uma Stella (estrela). Portugal, Espanha também tem seus guias, e para a América do Sul temos o "Descorchados".

Outro modelo interessante, e talvez o mais popular hoje, é o Vivino, onde os próprios consumidores dão a nota para os vinhos. O problema dessa ferramenta é o fato dos consumidores darem notas muito altas para vinhos mais conhecidos. No caso de vinhos com o mesmo padrão de qualidade, porém um sendo famoso e o outro não, o famoso sempre terá uma nota muito maior do que o feito pelo pequeno produtor. Muitos consumidores já vão para a taça de um vinho renomado encantados, e acabam dando notas mais altas do que os vinhos merecem.

Também não podemos deixar de falar da famosa escala de 0 a 100 pontos do Robert Parker que revolucionou o mercado e criou, lá atrás, esse "mercado de pontos". Há vários casos de vinhos dispararem de preço após receberem uma alta nota do crítico. Depois desse aumento, será que ainda vale comprar?

Por isso vale apostar nos guias locais, que causam menos impacto no mercado e são mais confiáveis.

Mas a dica principal do nosso sommelier é: "Use as pontuações referência, mas não vire refém de críticos profissionais ou amadores. Prove de tudo, e critique você mesmo". Arrisque! Volta e meia você poderá ter gratas surpresas.